segunda-feira, 27 de abril de 2015

Uma gargalhada se faz favor...

Hoje apetecia-me falar do riso, por vezes, até às lágrimas, e de como feito barata tonta me rio sozinha. Tem também aqueles dias em que rio de mim.
Mas o que mais gostava era de rir contigo. As nossas gargalhadas preencheriam os espaços em volta, vazios e frios, embora, esta manhã tenha achado que até as árvores parecem rir.
As árvores!… Umas maiores e outras mais pequenas… Com as quais mantenho largas conversas, mesmo que a boca esteja fechada.
Um dia destes uma delas perguntou enquanto se espreguiçava ao sol, qual a razão do meu sorriso, respondi:
  - Deve ser do vento ou então do sol, transportam pela manhã a certeza de como é bom acordar e sorrir todos os dias.
Apetecia me ficar aqui a falar do riso e de todas as gargalhadas que daremos juntos mas... O sono empurra e a cama já chama.
 Por isso mesmo, amanhã na volta do correio… Uma gargalhada por favor.




domingo, 26 de abril de 2015

Uma por cada vez que me fizeste sorrir...

Amanhã é segunda-feira, o dia do recomeço para alguns, para outros é só mais um dia igual a todos os dias.
Assim começa a minha carta de hoje. Já reparaste como o tempo parece voar, ainda ontem foi o Natal e estamos quase a meio do ano, mais um mês e pronto!
O tempo… Aliado perfeito dos poetas, precisam de tempo para aprender, para viver, e assim escrever. Todos os versos que cabem numa mão fechada, a do nosso universo!
Ando tão entretida a desvendar rimas que quase esqueço o correr do tempo.
Não sei se te acontece, olhar o espelho pela manha e descobrir que há tanto por fazer e ainda mais por dizer. Ou então aquela ruga atrevida relembra que o tempo pode escassear…
Por isso hoje, em que me apeteceu falar do tempo. Não da chuva ou do sol e sim da ampulheta que é roda-viva em que se tornou o nosso tempo. Confesso que por vezes temo não ter tempo, e aí a falta de tempo será impropria ao fim do tempo.
E como o tempo das cerejas está para breve, deixo-te nas notas musicais que me embalam o que resta de um tempo, em que sonhava com borboletas. Esvoaçavam campo fora. Tem tão pouco tempo de vida, as borboletas!
Talvez por isso a sua graciosidade, tão frágil e ao mesmo tempo capaz de cortar o tempo de lés a lés, as torna imunes ao tempo.
Imagina… se eu fosse borboleta, não precisava ser linda e de uma brancura celestial. Podia ser uma traça… Porque não? As traças ao fim e ao cabo também são borboletas, e também elas vivem o seu tempo sem tempo. De tal ordem que aquele casaco de que eu mais gostava, tem um buraco!
Faz-me lembrar um buraco no tempo. Acontece muito a quem viveu depressa demais, tal foi a correria, que no fundo da alma se alojou o maior dos buracos.
A falta de tempo para amar.
Como amanhã é segunda-feira, olho as rosas na jarra transparente e apetece-me contar as suas pétalas, uma por cada vez que me fizeste sorrir nos últimos tempos.
Ah... e se eu fosse uma traça. Isso será uma outra conversa.




sexta-feira, 24 de abril de 2015

Uma boa dose de beleza...

Antes de te escrever estive mais de cinco minutos a olhar para as Rosas ternamente depositadas na jarra de vidro transparente, no passado sábado. Como todas as flores, que não dispenso, foram compradas no mercado ali debaixo.
Três Rosas, uma de um rosa deslavado, as outras duas de um vermelho estonteante. Ou assim deveria ser, não fosse uma estar completamente murcha, enquanto as outras duas continuam viçosas, como se os dias não lhes pesassem nas pétalas.
O mesmo acontece comigo! Mais ou menos por esta hora: umas vezes estou pronta para mais umas duas horas em volta da escrita, outras, como hoje, em que morro de sono, igual à minha rosa murcha, estou mais para lá que para cá, e vai daí penso…
Se a vida fosse sempre igual seria uma grande chatice. Aposto que estás a achar a conversa esquisita, ou então, estás curioso!
É que por vezes, fico deslumbrada com o pôr-do-sol, outras nem sequer o vejo! Pode acontecer defronte dos meus olhos, que nem reparo. Tem ainda outros dias em que tudo e qualquer coisa, mexe comigo! Ele pode ser o idoso que passa por mim nos dias em que vou trabalhar por volta das sete da manhã, e me cumprimenta sempre da mesma maneira, com um sorriso de orelha a orelha, seja de verão ou de inverno. Ou então as árvores da mata. Nos dias em que as acho ainda mais verdes do que o habitual, e ao idoso ainda mais simpático, sei que, quando a noite chegar os poemas correm sem poiso, mas acabam sempre por desaguar num porto seguro. Já nos outros, em que não estou nem aí e tudo me parece rotineiro, os poemas são flechas que pairam no ar, à espreita da melhor hora para me assombrar.
Hoje como tenho sono, não escrevo poemas, logo questiono.
Será Loucura de quem escreve. Será que os poetas têm mil olhares e por isso são poetas, ou será de mim que tenho sono?
Pois… O que é que as rosas tem a ver com a conversa?
É que tal como as rosas, as pessoas começam por ser viçosas, e depois tal como a minha rosa murcha e o idoso que me cumprimenta, apesar de curvados ainda contém uma boa dose de beleza.

Amanhã já sabes, como salvação da manhã, quero uma flor vistosa.


domingo, 19 de abril de 2015

Amanhã falarei do nosso passeio

Estive o dia todo indecisa, sem saber se deveria escrever-te esta noite, ou não.
Mas o bem que me faz conversar contigo, levou a melhor às indecisões.
Passei a tarde preocupada com o Fred. Pois é, não sabes quem é o Fred, ou o Frederico quando faz asneira. É um Yorkshire Terrier com quase treze anos, e que me adoptou há quatro anos atrás, quando abandonado à sua sorte.
Hoje não quis comer o dia todo e rosnava por tudo e por nada, já ontem assim foi, coisa que ele faz com frequência, está a ficar senil. A idade, acumulada com os traumas que sofreu acabaram por lhe alterar o comportamento. Julgo, conforme tem momentos agitados, é extremamente dócil, tem sido o companheiro perfeito. Por causa do seu estado, acabei por ficar em casa, e não fui visitar a mãe, mas ela compreende, entretanto ocupei o tempo a pesquisar possíveis maleitas para o Fred não querer comer. Por sorte ao serão voltou ao normal e agora dorme regaladamente no seu sofá.
Penso, que estás a achar a conversa de hoje um pouco chata, até compreendo, mas, tens que concordar comigo, que há demasiados animais abandonados por aí. São tudo cravos e rosas quando são pequeninos, mas eles crescem e dão trabalho, para além da despesa. Há que pensar bem antes de arranjar um animal, tal como as pessoas não são utensílios descartáveis, ou não deveriam ser.

Por isso, amanhã prometo que falarei do nosso passeio pelas esquinas da Primavera.

sábado, 18 de abril de 2015

Um dia destes eu volto...

Sabes, gosto dos finais de tarde na Primavera, e do sol que incide sobre as nuvens espaçadas. Para compor a tela as andorinhas sobrevoam este lado da praça, e dou por mim a voar com elas!
Sei que busco o possível, ou talvez o impossível no silêncio que me rodeia, interrompido por um buzinar ao longe, ou pela música do quarto ao fundo, onde o cão e a adolescente se divertem.
Deste lado da casa o silêncio reina, não fosse o barulho das teclas, enquanto escrevo e vou ponderando no tempo que se foi, com uma tranquilidade desconcertante, igual à que sinto no presente.
Se não fosses tu, a quem contar as minhas certezas, tão poucos são os que aprenderam a escutar. Se não fosses tu a quem confiar os receios, a maioria esboçaria um sorriso e encolhia os ombros. Sinal de mal menor! Foi assim durante tempo demais.
Sabes, contigo sou mais eu, desnudo a alma, redescubro paixões, outras vezes corro pelo campo num dia como o de hoje, e tu esperas por mim sentado por entre as margaridas, ou então no meio do rosmaninho, e aí a certeza de que na descoberta, a paixão acontece.
Nessas alturas paro ofegante, mas esqueço o cansaço, os teus olhos afirmam que gostas de mim tal como me apresento. Jamais me tentarás mudar só por mudar, jamais deixarás de me ouvir. Sucederão por fim, ininterruptas, milhentas histórias em outras tantas palavras e o meu rio de letras solitárias, transbordará com a comunhão dos sentires, e passará a ser o nosso rio! Desenhado a tinta-da-china a meio caminho entre o céu e a lua.

Por agora chega de conversa, um dia destes eu volto para te falar, quem sabe, das borboletas, e das flores que cobrem os campos por esta altura.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Uma saudosa carta...


Hoje, escrevo-te porque estou naqueles dias em que as palavras se atropelam, para no final saírem aos carpidos. Apetecia-me falar sobre o verde na Primavera, mas o resultado é cinzento, igual aos dias de Inverno. Ainda há pouco a ventania entrou pela janela, percorreu as divisões da casa, e voltou a sair. Deixando atrás de si, uma saudade, e como volta e meia sou tolhida pela saudade do amanhã, o que confesso é uma carga de trabalhos. Normalmente, temos saudades do que já passou, eu tenho saudades de ter saudades de águas passadas, porque as saudades do amanhã preenchem o meu imaginário.
 As saudades do amanhã são mais traiçoeiras, nunca sabemos se vão acontecer. Às vezes penso, não posso chamar saudade à nostalgia, embora o bom senso me afirme que vai dar ao mesmo, mas, não é bem assim, para mim não é e pronto.  Caso encerrado, saudade e nostalgia não é a mesma coisa. Já imaginação e devaneio, andam paredes meias.
Por isso a ventania que entrou pela janela teve o condão de me insuflar a imaginação, nem queiras saber… Fiquei numa roda-viva, ele foram cravos e rosas, andorinhas e margaridas, até uma astuta raposa me infernizou a alma.
Passado algum tempo, entrou pela janela o cheiro do montado, aí pensei, desta não escapas, é agora que sai o poema, e saiu!
Dorido, completamente despido e desalinhado, ponderei… Os poemas também podem ser desalinhados, revirei-o dos pés à cabeça, e o coitado implorou que o enterrasse lá no alto, junto de todos os versos inacabados. Fiz-lhe a vontade, não sem antes lhe lapidar a pontas, que guardei no coração, para te mandar amanhã na volta do correio.
Mas como não há duas sem três, entrou pela janela o barulho da água a correr, nem queria acreditar… Então não querem lá ver: Aquele riacho ternurento, veio, e com ele as cegonhas sobrevoaram a minha sala, nas asas, uma rima de amor, nas penas, atracadas as saudades, e no bico, o que restaram dos beijos de ontem. Dizem que foi o dia do beijo, e hoje parece que é o do café. Sempre quero ver como é que amanhã me envias uma xícara de café.
O melhor é acabar com a conversa, ou fico aqui até de manhã. Termino com a saudade do que ainda há-de acontecer…

Com um beijo antes de adormecer!


domingo, 12 de abril de 2015

Carta para um Blogue Esquecido...

Há muitas luas que te ignoro, talvez tenha desistido do sonho e assim de mim. Sabes, tranquei todas as cartas que não escrevi na papeleira do fundo da alma. Mas… a minha vida é toda ela tolhida por (Mas) uns são azuis e coloridos, outros cinzentos, de uma regularidade estonteante, proporcionais aos anseios ignorados.
Assim, meu amigo silencioso. Companheiro silenciado por uma veia poética que suga o que de melhor me habita, retornam ao teu convívio as minhas cartas atabalhoadas. Muito embora estejas aqui, confinado ao cosmos sem espaço. Ou será o contrário, ao espaço sem cosmos, em que os olhares cibernéticos trazem e dão vida às minhas interrogações. Muito embora estejas aqui, sempre pronto ao meu desabafo, juro por Deus, que às vezes estou cansada.
Cansada de mim, do meu estranho pragmatismo, nem eu me compreendo, como posso julgar, como me atrevo a pensar, que o mal é do mundo.
E então, meu amigo silencioso, quando nas areias movediças que é a correria da vida, sem dar tréguas ao pensamento. Quando me achava entaipada por uma visão deturpada perante a fantasia, uma porta se abre! Muito lentamente como o caudal de um rio, em que lhe é cortada uma margem, e assim um novo braço se atreve por entre a charneca, e a água que então escasseava, saciará a sede de palavras que embalam os sentidos, e com elas a sede de amar.
Como vês continuo a meter os pés pelas mãos, igual a mim mesma, onde a poesia vagueia por entre as águas deste meu rio.
Por isso meu companheiro de utopias prometo que voltarei amiúde, só espero que desta vez não seja a insónia o fio condutor, e que por entre todas as cartas de amor: Em que jurei amor eterno ao que nem sequer aconteceu!
Só espero… Que me ensines a sorrir, para que um dia o bem-querer sorria por si só.
E aqui para nós, que ninguém nos ouve! Já em criança me diziam:


  - Menina, mas que imaginação! Mas isso será o tema da próxima carta.