sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Carta não sei a quem...



Se eu morresse agora, às cinco da madrugada de um dia sem data, depois de mais uma noite sem dormir.
Se eu morresse nesta hora, alguém sentiria a minha falta, choraria a minha morte, alguém se lembraria do meu sorriso ou da minha cara quando estou zangada.
Se eu morresse agora diriam que também fui mãe, também amei e julguei odiar. Alguém pesaria na balança todo o bem que lhe fiz, em prol de algum mal, teria saudades dos passeios que não fizemos nas tarde de primavera, das horas calmas a ver televisão que nunca aconteceram, alguém iria levar-me flores, mesmo sabendo que nunca mas deu, em vida.
Se eu morresse nesta hora em que chove copiosamente lá fora será que alguém acordaria sobressaltado, alguém se lamentaria pelas palavras e pelos gestos que deixou para depois, ou será que; sou tão insignificante que o meu corpo apodreceria, aqui mesmo, neste lugar, onde descarrego todas as minhas emoções com a força das palavras no computador. E um dia, quando por acaso encontrassem o meu esqueleto enegrecido, pusessem um olhar condoído, baixassem a cabeça e simplesmente dissessem:
- A coitada morreu mas pelo menos o gato fez-lhe companhia!

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