Se eu morresse agora, às
cinco da madrugada de um dia sem data, depois de mais uma noite sem dormir.
Se eu morresse nesta hora, alguém
sentiria a minha falta, choraria a minha morte, alguém se lembraria do meu
sorriso ou da minha cara quando estou zangada.
Se eu morresse agora diriam
que também fui mãe, também amei e julguei odiar. Alguém pesaria na balança todo
o bem que lhe fiz, em prol de algum mal, teria saudades dos passeios que não
fizemos nas tarde de primavera, das horas calmas a ver televisão que nunca
aconteceram, alguém iria levar-me flores, mesmo sabendo que nunca mas deu, em
vida.
Se eu morresse nesta hora em
que chove copiosamente lá fora será que alguém acordaria sobressaltado, alguém
se lamentaria pelas palavras e pelos gestos que deixou para depois, ou será que; sou tão insignificante que o meu corpo apodreceria, aqui mesmo, neste lugar, onde
descarrego todas as minhas emoções com a força das palavras no computador. E um
dia, quando por acaso encontrassem o meu esqueleto enegrecido, pusessem um olhar
condoído, baixassem a cabeça e simplesmente dissessem:
- A coitada morreu mas pelo
menos o gato fez-lhe companhia!
Sem comentários:
Enviar um comentário