Sabes que horas são, duas da matina e o sono onde anda? Acho que se perdeu na boémia de Agosto, enquanto a lua se entretém tentando enganar as sombras. O pior de tudo não é a falta do João Pestana. É a falta de sono da falta.
Sabes quando nos falta uma costela, pois, acho que não sabes a meu ver ainda as tens todas, já eu acho que me faltam pelo menos meia dúzia, não me olhes com essa cara, quantas vezes te preciso repetir que não estou doida, nem a sonhar, se tenho os olhos mais abertos que a lua cheia que decora a noite, e ainda consigo olhar-me de frente apontando um a um os meus defeitos. Até tu concordas que os tenho portanto é este meu fulgor que me torna mesquinha, comigo mesma. Faz comigo as contas e no final diz-me que não é assim.
A lembrança da meninice é vaga, adolescência perdeu-se atrás do sol-posto, anos verdes foram-se há tanto tempo, que o seu rosto desconhece este, que agora me olha no espelho, e tu que devias ser presença, és esse misto de ausência intemporal, claro, eu sei, assim não está bem nem mal.
Outra falta que me afronta e me faz Zumbi em tela de cinema a preto e branco é a escrita. Corrijo, a minha escrita, sem ela as faltas seriam muito mais marcantes, e com ela a falhas que lhe encontro tornam a falta agoniante.
Não coces a orelha, ainda arranjas aí uma brincadeira qualquer com essa mania de tanto te coçares de cada vez que me perdes, não no sentido figurado de perca, porque meu amor com esse não precisas de te preocupar, parecemos mexilhão preso na rocha, por mais ventania e marés que faça, quando se solta é um soltar momentâneo. Sabes, às vezes acho que quando um de nós der o salto para o outro lado, mesmo assim vamos arranjar maneira de comunicarmos um com o outro.
Tu perdes-me sim, quanto a isso não restam dúvidas, por isso me viras as costas, é uma maneira de ganhares fôlego, para me reencontrares nos encontros repetidos. Um dia ainda vamos falar sobre esses reencontros e as emoções remendadas. Há quem se socorra do ópio. Ah esse brilho no olho engana-te.
Como te estava a dizer as faltas na minha escrita mareiam, e tu não ajudas nada com essa mania de não teres permissão para a revirares. Mania sim, uma pessoa lúcida também pode ser cheia de manias, sabias. Voltando à escrita, será que nunca terei sossego, que não chegará o dia em que me leia e goste realmente do que estou a ler, ó céus, pareço uma daquelas mães que botam filhos no mundo só por botar. Está bem eu corrijo, que deitam filhos no mundo como quem descamisa maçarocas de milho. Ainda não está bem? Então e assim, que fazem, digamos assim trequelareque, nascem os filhos e que se f… Ai, vês se te curvasses sobre a minha escrita, esta era muito mais alindada.
Meu amor, a noite está quase no fim, eu sei, estavas a gostar da prosa, amanhã garanto que volto ao assunto.
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