Hoje o ar transmite o Outono que se avizinha, o oiro deu lugar ao castanho e o sururu das folhas mortas, desliza finalmente pelas calçadas saturadas de sol. As pedras reclamam pela frescura dos pingos de chuva, tal como a minha alma reclama por um segundo de atenção.
As saudades que me olhes são imensas, maiores as dos dias que me escutavas, inquiro a tranquilidade da noite o porquê deste silêncio que me pesa, igual ao peso que a calçada sente da chuva. As pedras nuas tem saudades das ervas verdes, que nascem entre si às primeiras chuvas.
Eu tenho saudades da claridade do teu olhar e da calma que o mesmo me transmitia.
As pedras aguardam calmamente pela chuva outonal, é sábia a sua espera, talvez pela certeza de que acontecerá, tal a rectidão dos ciclos vitais à vida. Eu escutando o silêncio do Outono peço a calma das pedras, imploro a sabedoria de permanecer quieta na espera.
A pequenez da minha prudência é gritante, tanto que me perco num charco de queixumes, eu sei, o coração salta pela boca em cada palavra retida, as pancadas são martelos que me testam os reflexos, sei meu amor que jamais os pensares serão iguais, jamais os passos caminharão paralelos, sei que não existem juras por cumprir, não existem contratos para dissolver.
Mas as pedras sabem de antemão que no partilhar sem combinações a entrega tem que ser total, a confiança nunca pode substituir a ganância racional do ter, o possuir tem que ser o filamento nunca o suporte.
O virar de costas tem que ser tranquilo e o reencontro tem que ser mágico, por isso as pedras esperam sem lamentos ou exaltação pelas primeiras chuvas.
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