domingo, 26 de abril de 2015

Uma por cada vez que me fizeste sorrir...

Amanhã é segunda-feira, o dia do recomeço para alguns, para outros é só mais um dia igual a todos os dias.
Assim começa a minha carta de hoje. Já reparaste como o tempo parece voar, ainda ontem foi o Natal e estamos quase a meio do ano, mais um mês e pronto!
O tempo… Aliado perfeito dos poetas, precisam de tempo para aprender, para viver, e assim escrever. Todos os versos que cabem numa mão fechada, a do nosso universo!
Ando tão entretida a desvendar rimas que quase esqueço o correr do tempo.
Não sei se te acontece, olhar o espelho pela manha e descobrir que há tanto por fazer e ainda mais por dizer. Ou então aquela ruga atrevida relembra que o tempo pode escassear…
Por isso hoje, em que me apeteceu falar do tempo. Não da chuva ou do sol e sim da ampulheta que é roda-viva em que se tornou o nosso tempo. Confesso que por vezes temo não ter tempo, e aí a falta de tempo será impropria ao fim do tempo.
E como o tempo das cerejas está para breve, deixo-te nas notas musicais que me embalam o que resta de um tempo, em que sonhava com borboletas. Esvoaçavam campo fora. Tem tão pouco tempo de vida, as borboletas!
Talvez por isso a sua graciosidade, tão frágil e ao mesmo tempo capaz de cortar o tempo de lés a lés, as torna imunes ao tempo.
Imagina… se eu fosse borboleta, não precisava ser linda e de uma brancura celestial. Podia ser uma traça… Porque não? As traças ao fim e ao cabo também são borboletas, e também elas vivem o seu tempo sem tempo. De tal ordem que aquele casaco de que eu mais gostava, tem um buraco!
Faz-me lembrar um buraco no tempo. Acontece muito a quem viveu depressa demais, tal foi a correria, que no fundo da alma se alojou o maior dos buracos.
A falta de tempo para amar.
Como amanhã é segunda-feira, olho as rosas na jarra transparente e apetece-me contar as suas pétalas, uma por cada vez que me fizeste sorrir nos últimos tempos.
Ah... e se eu fosse uma traça. Isso será uma outra conversa.




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