Antes de te escrever estive mais
de cinco minutos a olhar para as Rosas ternamente depositadas na jarra de vidro
transparente, no passado sábado. Como todas as flores, que não dispenso, foram
compradas no mercado ali debaixo.
Três Rosas, uma de um rosa
deslavado, as outras duas de um vermelho estonteante. Ou assim deveria ser, não
fosse uma estar completamente murcha, enquanto as outras duas continuam
viçosas, como se os dias não lhes pesassem nas pétalas.
O mesmo acontece comigo! Mais
ou menos por esta hora: umas vezes estou pronta para mais umas duas horas em
volta da escrita, outras, como hoje, em que morro de sono, igual à minha rosa
murcha, estou mais para lá que para cá, e vai daí penso…
Se a vida fosse sempre igual
seria uma grande chatice. Aposto que estás a achar a conversa esquisita, ou
então, estás curioso!
É que por vezes, fico
deslumbrada com o pôr-do-sol, outras nem sequer o vejo! Pode acontecer defronte
dos meus olhos, que nem reparo. Tem ainda outros dias em que tudo e qualquer
coisa, mexe comigo! Ele pode ser o idoso que passa por mim nos dias em que vou
trabalhar por volta das sete da manhã, e me cumprimenta sempre da mesma
maneira, com um sorriso de orelha a orelha, seja de verão ou de inverno. Ou então
as árvores da mata. Nos dias em que as acho ainda mais verdes do que o habitual,
e ao idoso ainda mais simpático, sei que, quando a noite chegar os poemas
correm sem poiso, mas acabam sempre por desaguar num porto seguro. Já nos
outros, em que não estou nem aí e tudo me parece rotineiro, os poemas são
flechas que pairam no ar, à espreita da melhor hora para me assombrar.
Hoje como tenho sono, não
escrevo poemas, logo questiono.
Será Loucura de quem escreve.
Será que os poetas têm mil olhares e por isso são poetas, ou será de mim que
tenho sono?
Pois… O que é que as rosas
tem a ver com a conversa?
É que tal como as rosas, as
pessoas começam por ser viçosas, e depois tal como a minha rosa murcha e o
idoso que me cumprimenta, apesar de curvados ainda contém uma boa dose de
beleza.
Amanhã já sabes, como
salvação da manhã, quero uma flor vistosa.
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