sexta-feira, 24 de abril de 2015

Uma boa dose de beleza...

Antes de te escrever estive mais de cinco minutos a olhar para as Rosas ternamente depositadas na jarra de vidro transparente, no passado sábado. Como todas as flores, que não dispenso, foram compradas no mercado ali debaixo.
Três Rosas, uma de um rosa deslavado, as outras duas de um vermelho estonteante. Ou assim deveria ser, não fosse uma estar completamente murcha, enquanto as outras duas continuam viçosas, como se os dias não lhes pesassem nas pétalas.
O mesmo acontece comigo! Mais ou menos por esta hora: umas vezes estou pronta para mais umas duas horas em volta da escrita, outras, como hoje, em que morro de sono, igual à minha rosa murcha, estou mais para lá que para cá, e vai daí penso…
Se a vida fosse sempre igual seria uma grande chatice. Aposto que estás a achar a conversa esquisita, ou então, estás curioso!
É que por vezes, fico deslumbrada com o pôr-do-sol, outras nem sequer o vejo! Pode acontecer defronte dos meus olhos, que nem reparo. Tem ainda outros dias em que tudo e qualquer coisa, mexe comigo! Ele pode ser o idoso que passa por mim nos dias em que vou trabalhar por volta das sete da manhã, e me cumprimenta sempre da mesma maneira, com um sorriso de orelha a orelha, seja de verão ou de inverno. Ou então as árvores da mata. Nos dias em que as acho ainda mais verdes do que o habitual, e ao idoso ainda mais simpático, sei que, quando a noite chegar os poemas correm sem poiso, mas acabam sempre por desaguar num porto seguro. Já nos outros, em que não estou nem aí e tudo me parece rotineiro, os poemas são flechas que pairam no ar, à espreita da melhor hora para me assombrar.
Hoje como tenho sono, não escrevo poemas, logo questiono.
Será Loucura de quem escreve. Será que os poetas têm mil olhares e por isso são poetas, ou será de mim que tenho sono?
Pois… O que é que as rosas tem a ver com a conversa?
É que tal como as rosas, as pessoas começam por ser viçosas, e depois tal como a minha rosa murcha e o idoso que me cumprimenta, apesar de curvados ainda contém uma boa dose de beleza.

Amanhã já sabes, como salvação da manhã, quero uma flor vistosa.


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