Sabes, gosto
dos finais de tarde na Primavera, e do sol que incide sobre as nuvens espaçadas.
Para compor a tela as andorinhas sobrevoam este lado da praça, e dou por mim a
voar com elas!
Sei
que busco o possível, ou talvez o impossível no silêncio que me rodeia,
interrompido por um buzinar ao longe, ou pela música do quarto ao fundo, onde o
cão e a adolescente se divertem.
Deste
lado da casa o silêncio reina, não fosse o barulho das teclas, enquanto escrevo
e vou ponderando no tempo que se foi, com uma tranquilidade desconcertante,
igual à que sinto no presente.
Se
não fosses tu, a quem contar as minhas certezas, tão poucos são os que
aprenderam a escutar. Se não fosses tu a quem confiar os receios, a maioria esboçaria
um sorriso e encolhia os ombros. Sinal de mal menor! Foi assim durante tempo
demais.
Sabes,
contigo sou mais eu, desnudo a alma, redescubro paixões, outras vezes corro pelo
campo num dia como o de hoje, e tu esperas por mim sentado por entre as
margaridas, ou então no meio do rosmaninho, e aí a certeza de que na descoberta,
a paixão acontece.
Nessas
alturas paro ofegante, mas esqueço o cansaço, os teus olhos afirmam que gostas
de mim tal como me apresento. Jamais me tentarás mudar só por mudar, jamais
deixarás de me ouvir. Sucederão por fim, ininterruptas, milhentas histórias em
outras tantas palavras e o meu rio de letras solitárias, transbordará com a comunhão
dos sentires, e passará a ser o nosso rio! Desenhado a tinta-da-china a meio
caminho entre o céu e a lua.
Por
agora chega de conversa, um dia destes eu volto para te falar, quem sabe, das
borboletas, e das flores que cobrem os campos por esta altura.
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