Há muitas luas que te ignoro,
talvez tenha desistido do sonho e assim de mim. Sabes, tranquei todas as cartas
que não escrevi na papeleira do fundo da alma. Mas… a minha vida é toda ela
tolhida por (Mas) uns são azuis e coloridos, outros cinzentos, de uma
regularidade estonteante, proporcionais aos anseios ignorados.
Assim, meu amigo silencioso.
Companheiro silenciado por uma veia poética que suga o que de melhor me habita,
retornam ao teu convívio as minhas cartas atabalhoadas. Muito embora estejas
aqui, confinado ao cosmos sem espaço. Ou será o contrário, ao espaço sem cosmos,
em que os olhares cibernéticos trazem e dão vida às minhas interrogações. Muito embora
estejas aqui, sempre pronto ao meu desabafo, juro por Deus, que às vezes estou
cansada.
Cansada de mim, do meu
estranho pragmatismo, nem eu me compreendo, como posso julgar, como me atrevo a
pensar, que o mal é do mundo.
E então, meu amigo
silencioso, quando nas areias movediças que é a correria da vida, sem dar tréguas
ao pensamento. Quando me achava entaipada por uma visão deturpada perante a
fantasia, uma porta se abre! Muito lentamente como o caudal de um rio, em que
lhe é cortada uma margem, e assim um novo braço se atreve por entre a charneca,
e a água que então escasseava, saciará a sede de palavras que embalam os
sentidos, e com elas a sede de amar.
Como vês continuo a meter os
pés pelas mãos, igual a mim mesma, onde a poesia vagueia por entre as águas deste
meu rio.
Por isso meu companheiro de utopias
prometo que voltarei amiúde, só espero que desta vez não seja a insónia o fio
condutor, e que por entre todas as cartas de amor: Em que jurei amor eterno ao
que nem sequer aconteceu!
Só espero… Que me ensines a
sorrir, para que um dia o bem-querer sorria por si só.
E aqui para nós, que ninguém
nos ouve! Já em criança me diziam:
- Menina, mas que imaginação! Mas isso será o
tema da próxima carta.
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